5.17.2010

Fez toda a diferença



Esta semana a proposta que levávamos era fazerem um móbil (espanta-espíritos) em que dávamos o desenho de um hospital e de uma ambulância para pintar e dois círculos para pintarem com o que quisessem que os tivessem marcado durante a sua estadia ali para ficar de recordação.
Mas mal chegámos fomos para a sala de actividades para preparar o material e tivemos uma menina esteve perto de nós mas que nada falava. Pensamos que talvez não soubesse falar bem português, mas soube-nos responder que tinha 3 anos.

Pouco depois desapareceu e voltou a aparecer, por isso propus-lhe fazer a actividade que tínhamos esta semana. Embora o que a divertisse mais fosse as cores dos marcadores.

Depois de alguma insistência da minha parte em saber o seu nome mas sem grande sucesso, pois não conseguia perceber o que dizia, parecia-me sempre "Mouca", lá me lembrei que tinha de ter uma pulseira de identificação do hospital e que iria resolver tudo :)
Logo depois soltei um grande MEUCA! finalmente se fazia luz!! acho que tenho desculpa o nome não é nada comum.

E como prémio ela de repente fala. Diz-me que amanha já vai para casa. e apartir dai já nao parecia a mesma menina calada. Falou, falou, e de repente já tinha um brinquedo para pôr no seu quarto. E quiz mostrar o seu quarto mas sempre salvaguardando que o brinquedo não era para ali, era para o SEU quarto.. e que amanha já ia para casa.


Descobriu connosco os seus novos amigos, um saco com peluxes que lhe tinham deixado no quarto que a mimaram com muitos beijinhos.

Num hospital onde as crianças estão sempre acompanhadas com os pais ou por um familiar que substitui os pais quando estes já não podem mais ficar a pergunta impoẽm-se: "E a tua Mãe?" e a resposta é "A Mãe foi comprar um carro para passearmos.. amanha já vou para casa"

Meuca, não via a mãe desde que tinha sido internada e só agora em casa me questiono se amanha irá mesmo para casa.
Dizem que quando queremos muito mesmo uma coisa ela acontece, e eu acredito nisso, e se a Meuca me fez acreditar que sim é porque vai.

Como já perceberam esta menina marcou-me. Optamos por não fazer actividade com mais ninguem e ficar o tempo todo com ela, e hoje sinto que valeu mesmo a pena.

Este mês este projecto está a ser apoiado pela associação Inês Botelho, associação que tenho falado aqui neste blog muitas vezes e que nasceu exactamente com o espirito da pequena Inês que queria partilhar as suas coisas com os outras crianças que se foram cruzando com ela no IPO e torna-los nem que seja por um instante mais felizes, por isso aqui fica o meu muito obrigado à Inês.

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